Aplicação de derivadas: Retas tangente e reta normal

Além da derivada representar a taxa de variação instantânea de uma função, ela também é a inclinação da função em um determinado ponto (caso queira entender o porquê, confira nosso outro artigo sobre a derivada ser a inclinação da função). A partir disso, podemos achar duas retas auxiliares que podem ajudar na análise de uma função, e é sobre isso que falarei neste artigo.

O que é uma reta tangente?

Dizemos que uma reta é tangente a uma curva, quando ela toca essa curva em um único ponto, isso explica a expressão “tangenciar”, que é usada em contextos onde algo toca outra coisa de forma muito sutil, de forma leve, quase imperceptível. Quando trabalhamos com funções, podemos chamar a figura formada pelo gráfico da função de “curva de uma função” (fica a observação que na matemática, uma reta também é uma curva, achei importante mencionar, pois no dia a dia é comum associarmos a palavra “curva” com coisas arredondadas). Assim, quando queremos achar a reta tangente à curva da função em um ponto, significa que precisamos achar a equação da reta tangente que toca o gráfico da função nesse ponto específico.

Tomemos uma função f(x) qualquer, a reta tangente a um ponto P com coordenadas genéricas x0 e y0 pode ser representada graficamente da seguinte forma:

O que é uma reta normal?

Tanto na matemática quanto na física, quando falamos que algum elemento (reta, vetor, figura) é “normal” em relação a outra coisa, queremos dizer que ele é perpendicular a essa coisa, ou seja, forma uma ângulo de noventa graus (ângulo reto). Então, se eu digo que uma reta é normal a outra reta, significa que o ângulo formado entre elas é de 90° Extrapolando essa ideia, uma reta normal à curva de uma função em um determinado ponto, será a reta que forma 90° em relação à curva.

Um fato curioso e importante (guarde essa informação, pois a usarei posteriormente), é que a reta tangente em um ponto é perpendicular à reta normal nesse mesmo ponto.

Isso irá acontecer com todas as retas tangentes e normais para quaisquer pontos no gráfico da função.

Como calcular as equações das retas tangente e normal?

Resumidamente, a derivada de uma função em um determinado ponto é igual ao coeficiente angular da reta tangente a esse mesmo ponto, por sua vez, o coeficiente angular indica quão inclinada uma reta está, quanto maior for o valor dele, mais inclinada ela estará (simplificadamente, a inclinação da reta é o ângulo que ela faz com o eixo horizontal, então, quanto maior o coeficiente angular, maior o ângulo entre a reta tangente e o eixo x). A chamada equação da reta, que utilizamos para representá-la matematicamente, é dada pela seguinte expressão:

y=m(xx0)+y0

Onde m é o coeficiente angular, x0 é um valor de x qualquer que pertença a reta, e y0 é o seu correspondente no eixo y. Portanto, se tivermos a derivada no ponto x0, e tivermos y0, conseguiremos achar a equação da reta tangente. Vamos resolver um exemplo para vermos isso na prática e para que fique mais claro o assunto.

Exemplo 1: Ache a equação da reta tangente à curva da função f(x)=x2+1 no ponto x=1.

 

Primeiramente, precisamos entender o que a questão está pedindo, e para isso, vamos desenhar o gráfico da função quadrática que a questão nos deu (se não souber montar o gráfico, dá uma olhada no nosso artigo sobre função de 2).

Para marcar o ponto x=1 no gráfico, precisamos encontrar a coordenada no eixo f(x), para tal, basta calcularmos f(1).

f(x)=x2+1

f(1)=12+1=2

Portanto, o ponto ao qual a questão se refere é o ponto (1,2), marquemos então ele no gráfico.

A questão está nos pedindo a equação da reta tangente a esse ponto, ou seja, quer a equação da reta que toca a função apenas nesse ponto P(1,2).

Chamei a reta de r apenas para identificarmos ela na hora de calcular sua equação. Sabendo que a equação da reta tangente tem a seguinte forma:

r:y=m(xx0)+y0

O m é o coeficiente angular, e como disse antes, podemos obtê-lo calculando a derivada da função f(x)=x2+1 para x=1

f(x)=2x

f(1)=2.1=2

Já temos x0 e y0, pois como a reta tangente toca (intersecta) a função no ponto P(1,2), podemos dizer que o ponto pertence a reta, e como x0 e y0 são coordenadas de um ponto qualquer que pertença a reta, x0=1 e y0=2 (caso tenha dúvida na representação do par ordenado P(1,2) e o que ele significa, tem um artigo só sobre esse assunto aqui no blog). Agora é só substituir os valores encontrados na equação genérica da reta r.

r:y=m(xx0)+y0

r:y=2(x1)+2

r:y=2x21+2

r:y=2x

Portanto, a equação da reta tangente à curva da função f(x)=x2+1 para x=1 é y=2x.

Exemplo 2: Ache a equação da reta normal à curva da função f(x)=ex no ponto x=0.

 

Primeiramente, vamos desenhar o gráfico da função exponencial f(x)=ex.

Para marcar o ponto no gráfico, precisamos calcular sua coordenada no eixo f(x), para isso, calculemos f(0).

f(x)=ex

f(0)=e0=1

O ponto que a questão se refere é P(0,1), vamos marcá-lo no gráfico para nos orientarmos.

Queremos encontrar a equação da reta normal à curva nesse ponto, que representarei no gráfico (chamarei ela de reta s).

Mas afinal, como achamos a equação da reta normal? Utilizaremos de uma informação que disse anteriormente, que a reta normal é perpendicular à reta tangente, e por causa disso, o coeficiente de uma é o inverso oposto da outra. 

Não entendeu nada do que eu disse, não é? Vamos passo a passo, se eu tenho um número a qualquer, o inverso desse número é 1 dividido por ele. Seguindo essa regra matemática, o inverso de 5 é 15, o inverso de 8 é 18, e assim por diante. E o oposto de um número a qualquer, é esse mesmo número, com o sinal contrário, então o oposto de 2 é 2, o oposto de 4 é 4, e por aí vai. Então, se eu digo que um número b é o oposto inverso de um outro número a, significa que:

b=1a

Chamando então o coeficiente angular da reta tangente de mr, e o coeficiente angular da reta normal de ms, já que elas são perpendiculares, o coeficiente da reta normal é o inverso oposto do coeficiente da reta tangente (se quiser entender de onde vem essa relação entre os coeficientes de retas perpendiculares, tem um artigo completinho no blog sobre isso).

ms=1mr

Sabendo que a equação da reta normal tem a seguinte forma:

s:y=ms(xx0)+y0

Podemos reescrever o coeficiente angular da reta normal (ms) em função do coeficiente angular da reta tangente.

s:y=1mr(xx0)+y0

Isso irá nos ser útil, porque sabemos encontrar o coeficiente da reta tangente, ele é igual à derivada da função no ponto x0 (mr=f(x0)), e x0 nesse exemplo é igual à 0. A reta normal corta (intersecta) a função no ponto P(0,1), então x0=0 e y0=1, nos resta apenas calcular mr, e faremos isso ao calcular f(0).

f(x)=ex

f(x)=ex

mr=f(0)=e0=1

Substituindo na equação da reta s teremos:

s:y=1mr(xx0)+y0

s:y=11(x0)+1

s:y=1(x0)+1

s:y=x+0+1

s:y=x+1

Por fim, encontramos a equação da reta normal à curva da função f(x)=ex para x=0. E se a questão tivesse nos pedido a equação da reta tangente? Já temos tudo o que precisamos para encontrá-la.

r:y=mr(xx0)+y0

r:y=1(x0)+1

r:y=x0+1

r:y=x+1

Para fechar com chave de ouro, que tal representarmos as duas retas no gráfico? 

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