Derivadas: O que significa e como derivar

Considerado por muitos como o terror do cálculo, esse é um assunto importantíssimo para quem cursa alguma faculdade de exatas, como engenharia, química ou física, pois além de ser uma das bases dessa matéria tão infame, ele acompanhará o aluno para além do cálculo, sendo utilizado em matérias como física, mecânica dos fluidos e resistência dos materiais. No entanto, dependendo da forma que ele é explicado, o assunto “derivadas” pode ser considerado o mais tranquilo dentre seus colegas limites e integrais.

O que é a derivada?

Derivadas, muitas vezes chamado de diferencial, é um assunto de uma matéria de ensino superior chamada cálculo, cujo significado é “estudo das funções”, ou seja, tudo relacionado ao cálculo gira em torno das funções, sendo indispensável entendê-las para não ter dificuldade nela.

Dada essa introdução, o significado de “derivada” é taxa de variação de uma função, em outras palavras, calcular a derivada de uma função é descobrir como seu valor varia de acordo com os valores que a variável independente assume.

Eu sei, parece confuso, mas vamos analisar um exemplo para facilitar o entendimento, observemos a função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1, o que acontecerá com o valor de 𝑓(𝑥) se o 𝑥 for aumentando?

𝑓(0)=2.0+1=1

𝑓(1)=2.1+1=3

𝑓(2)=2.2+1=5

𝑓(3)=2.3+1=7

Percebe que, cada vez que eu aumento uma unidade no valor de 𝑥 (variável independente), 𝑓(𝑥) aumenta em duas unidades? Podemos dizer, com nossa breve observação, que a taxa de variação da função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1 é 2, no entanto, na matemática não podemos afirmar nada com base em observações de um caso isolado, para isso é que existe a derivada, que aprenderemos a calcular a seguir.

Derivada pela definição

Mostrarei nesse tópico como a derivada foi criada a partir dos limites, e todo o processo pode parecer complicado, extenso e confuso, mas não se preocupe, pois para derivarmos uma função, utilizaremos uma tabela que facilitará muito a nossa vida, como explicarei posteriormente. Para descobrir o quanto que algo varia em relação a um outro parâmetro que também está mudando, nós dividimos esses dois valores, por exemplo, na física, quando queremos calcular a velocidade média de um veículo que mantém a velocidade durante todo o percurso, utilizamos a famosa equação:

𝑣𝑚=Δ𝑠Δ𝑡=𝑠𝑠0𝑡𝑡0

Pegamos a variação (representado pelo triângulo, chamado de delta) do espaço, ou seja, a distância que ele percorreu no trajeto analisado, e dividimos pelo intervalo de tempo decorrido desde o início até o final do percurso, ao fazermos isso teremos como resultado a taxa média de variação do espaço em relação ao tempo, de forma mais simples, descobriremos quantos quilômetros o carro percorreu a cada hora. Para calcular a taxa de variação de uma função faremos o mesmo, definiremos um intervalo de valores de 𝑓(𝑥) e dividiremos por um intervalo de valores de 𝑥.

Utilizemos nesse primeiro exemplo a função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1, vamos calcular a taxa de variação média (𝑇𝑣𝑚), no intervalo de 𝑓(1) até 𝑓(3)

𝑓(𝑥)=2𝑥+1

𝑇𝑣𝑚𝑓=𝑓(3)𝑓(1)31

𝑇𝑣𝑚𝑓=7331

𝑇𝑣𝑚𝑓=42

𝑇𝑣𝑚𝑓=2

Como já tínhamos observado, a taxa de variação dessa função é 2. A derivada também é chamada de “inclinação da função”, então o que calculamos acima foi a inclinação da função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1, e ela vai ser a mesma independente de quais intervalos utilizemos para fazer o cálculo (podemos perceber isso pela reta sempre manter a mesma inclinação e nunca curvar), no entanto, a maioria das funções são mais complexas que ela, onde o gráfico delas não é uma simples reta, mas possuem curvas, e conforme o gráfico muda sua inclinação, a derivada irá mudar também.

Então era necessário que os matemáticos desenvolvessem uma equação geral que nos permitisse calcular a derivada independentemente da função estudada, e para isso, explicar como o fizeram, tomemos uma função qualquer cuja inclinação (derivada) varia:

Essa reta vermelha no gráfico acima representa a inclinação da função para esse intervalo demarcado, entre 𝑓(𝑥 +Δ𝑥) e 𝑓(𝑥), mas há algo estranho nisso, pois a inclinação do gráfico muda muito durante esse intervalo, tem partes em que a função está crescendo, e outras que ela está decrescendo, então, não está precisa essa reta, mas e se diminuíssemos o intervalo? O que aconteceria com a inclinação calculada?

Como podemos observar, a inclinação da reta vermelha se aproximou da inclinação da própria função (representada pelo gráfico em azul) para esse intervalo menor, mas ainda há como melhorarmos isso, vamos aproximar os dois pontos de tal maneira que a distância entre eles (Δ𝑥) vai ser tão pequena, tão pequena, que tenderá a zero (mas não será zero):

Na situação acima, temos um minúsculo intervalo de 𝑓(𝑥) sendo dividido por um minúsculo intervalo de 𝑥, e nesse caso, a reta que representa a derivada coincide praticamente de forma perfeita com a nossa função, traduzindo isso em uma equação matemática temos:

𝑓(𝑥)=𝑑𝑦𝑑𝑥=limΔ𝑥0𝑓(𝑥+Δ𝑥)𝑓(𝑥)Δ𝑥

O 𝑑𝑦 representa o intervalo infinitamente pequeno de valores de 𝑓(𝑥) e o 𝑑𝑥 representa o mesmo só que para valores de 𝑥. Temos que nos atentar a um detalhe importante, essa equação nos permite calcular a derivada em um único ponto, ou seja, podemos calcular a derivada da função para 𝑥 =1 ou para 𝑥 =2, mas nunca para 𝑥 entre 1 e 2 ou entre qualquer outro intervalo.

A pergunta que não quer calar, como que calculamos a derivada utilizando essa equação? Pegaremos a função que queremos calcular a taxa de variação e substituiremos os valores correspondentes nela, e então resolvemos o limite. Mas antes disso, vale uma pequena revisão, se eu pedir para você calcular 𝑓(2) na função 𝑓(𝑥) =𝑥2, irás substituir o 2 onde tiver 𝑥 na função:

𝑓(2)=22=4

Mas e se ao invés de um número, eu te pedir para substituir uma letra? O processo será o mesmo, tomemos a mesma função, se eu quiser calcular 𝑓(𝑎), substituirei o 𝑎 onde tiver 𝑥 na função:

𝑓(𝑎)=𝑎2

Então, por lógica, para calcular 𝑓(𝑥 +Δ𝑥), substituímos tudo isso onde tiver 𝑥:

𝑓(𝑥+Δ𝑥)=(𝑥+Δ𝑥)2=𝑥2+2𝑥Δ𝑥+Δ𝑥2

Fiz essa breve revisão para entendermos o processo de utilização da “equação da derivada pela definição”. Vamos calcular a taxa de variação daquela função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1, só que dessa vez, calcularemos de forma matematicamente correta e precisa.

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥0𝑓(𝑥+Δ𝑥)𝑓(𝑥)Δ𝑥

Já que 𝑓(𝑥) é a mesma coisa que 2𝑥 +1, onde tiver 𝑓(𝑥) na equação acima, colocaremos 2𝑥 +1:

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥02(𝑥+Δ𝑥)+1(2𝑥+1)Δ𝑥

Agora iremos manipular as expressões para eliminarmos o Δ𝑥, porque uma vez que a gente substitua 0 onde tiver Δ𝑥, para resolver o limite, chegaremos em um problema:

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥02(𝑥+0)+1(2𝑥+1)0

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥02𝑥+12𝑥10

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥000

Temos uma indeterminação, e se pudéssemos eliminar esse 𝑧𝑒𝑟𝑜 que está no denominador, a indeterminação não aconteceria, e quem que substituímos para pôr o zero? O Δ𝑥, é por isso que precisamos eliminá-lo de alguma forma para podermos resolver o limite e assim calcularmos a derivada da função

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥02(𝑥+Δ𝑥)+1(2𝑥+1)Δ𝑥

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥02𝑥+2Δ𝑥+12𝑥1Δ𝑥

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥02Δ𝑥Δ𝑥

𝑓(𝑥)=limΔ𝑥02

𝑓(𝑥)=2

Olha só, chegamos no valor 2, isso significa que a derivada, taxa de variação ou se preferir, inclinação da função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1 é 2

Vale a pena ressaltar que a taxa de variação média não é a mesma coisa que a derivada, pois por definição, a derivada é a taxa de variação de uma função em um intervalo infinitamente pequeno, sendo necessário utilizar o limite para representar isso, já a 𝑇𝑣𝑚 é uma média que calculamos a analisar um intervalo grande de valores, só utilizei ela para ajudar na explicação da origem da derivada, pois o processo é parecido.

Tabela de derivadas

Nesse momento deves estar pensando: “Socorro, calcular a derivada de uma função é trabalhoso e difícil demais!”, mas não se desespere, pois os matemáticos já calcularam inúmeras vezes a derivada de várias funções utilizando a equação que mostrei anteriormente, e ao fazerem isso, perceberam que há um certo padrão, sendo criada uma tabela que indica a derivada das funções mais comuns:

Função:

𝑓(𝑥)=𝑥𝑛

Derivada:

𝑓(𝑥)=𝑛.𝑥𝑛1

Função:

𝑓(𝑥)=𝑘

Derivada:

𝑓(𝑥)=0

Função:

𝑓(𝑥)=𝑠𝑒𝑛(𝑥)

Derivada:

𝑓(𝑥)=𝑐𝑜𝑠(𝑥)

Função:

𝑓(𝑥)=𝑐𝑜𝑠(𝑥)

Derivada:

𝑓(𝑥)=𝑠𝑒𝑛(𝑥)

Função:

𝑓(𝑥)=𝑡𝑎𝑛(𝑥)

Derivada:

𝑓(𝑥)=𝑠𝑒𝑐2(𝑥)

Função:

𝑓(𝑥)=𝑙𝑛(𝑥)

Derivada:

𝑓(𝑥)=1𝑥

Função:

𝑓(𝑥)=𝑒𝑥

Derivada:

𝑓(𝑥)=𝑒𝑥

Tens que ter gravadas no sangue as derivadas acima, e por mais que pareça complicado decorar essa tabela, quanto mais você fizer exercícios de derivadas, naturalmente as saberá sem precisar ficar revisitando a tabela. Vou só explicar as duas primeiras derivadas que podem parecer confusas, quando temos uma função que possui uma variável elevada a um número qualquer, para derivá-la, tombamos esse expoente, e então ele passará a multiplicar a letra, e subtraímos uma unidade do expoente antigo.

Exemplo:

Derive a função 𝑓(𝑥) =𝑥3

 

Temos uma função que tem uma variável (𝑥 nesse caso) elevada a um expoente numérico, para derivar ela, não precisamos passar por todo aquele processo trabalhoso ao utilizarmos aquela equação que tem limite no meio, basta tombarmos o expoente 3 e subtrair uma unidade do expoente antigo

𝑓(𝑥)=𝑥3

𝑓(𝑥)=3𝑥31

𝑓(𝑥)=3𝑥2

Está derivada a função, simples e prático. Agora sobre a função 𝑓(𝑥) =𝑘, esse 𝑘 é uma constante qualquer, ou seja, um número, a derivada de uma constante, de acordo com a tabela, é igual à zero, então se derivarmos a função 𝑓(𝑥) =10, o resultado será 𝑓(𝑥) =0 e isso irá funcionar para qualquer função constante.

Propriedades das derivadas

Como quase tudo na vida, há sempre algo mais a se aprender, há duas propriedades que tornarão o processo bem mais tranquilo.

Derivada de uma soma:

Quando temos uma função composta, que possui mais de um termo (função) sendo somados ou subtraídos, podemos derivar cada um deles individualmente, em outras palavras, a derivada de uma soma é igual à soma das derivadas.

Exemplo:

Derive a função 𝑓(𝑥) =𝑥2 +5 +𝑠𝑒𝑛(𝑥)

 

A função acima possui três termos se somando, então podemos derivar cada um individualmente, vamos colocar o apóstrofo nos termos para indicar que iremos derivá-los

𝑓(𝑥)=(𝑥2)+5+(𝑠𝑒𝑛(𝑥))

Para derivar 𝑥2, tombamos o expoente 2 e subtraímos 1 do expoente antigo (que é o próprio 2), em relação ao 5, sua derivada é zero, pois é uma constante, e a derivada de 𝑠𝑒𝑛(𝑥) é 𝑐𝑜𝑠(𝑥), portanto, a derivada da função 𝑓(𝑥) é:

𝑓(𝑥)=2𝑥1+0+𝑐𝑜𝑠(𝑥)

𝑓(𝑥)=2𝑥+𝑐𝑜𝑠(𝑥)

Constantes multiplicando ou dividindo na derivada:

Se tivermos uma constante multiplicando ou dividindo um termo que possua a variável pela qual estamos derivando, não fazemos nada com ela, ou seja, ela vai continuar multiplicando ou dividindo a função, mesmo depois de derivarmos.

Exemplo:

Derive a função 𝑓(𝑥) =4𝑙𝑛|𝑥|

 

Temos o 4, que é uma constante, multiplicando a função 𝑙𝑛|𝑥|, portanto, ao derivarmos o log, não mexeremos na constante

𝑓(𝑥)=4𝑙𝑛|𝑥|

𝑓(𝑥)=41𝑥

𝑓(𝑥)=4𝑥

Com esses conhecimentos, podemos derivar a nossa velha conhecida função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1 utilizando a tabela e as propriedades (lembrando que o resultado deve ser 2, independentemente do método que calculemos a derivada). O expoente do 𝑥 é 1, mas o processo será o mesmo, tombaremos o 1, então ele multiplicará tanto o 2, quanto o 𝑥 e subtrairemos 1 do expoente antigo

𝑓(𝑥)=2𝑥+1

𝑓(𝑥)=1.2𝑥11+0

𝑓(𝑥)=2𝑥0

𝑓(𝑥)=2.1

𝑓(𝑥)=2

Bem mais rápido e sem complicação alguma.

Derivada em um ponto qualquer

Há funções como as de primeiro grau, cuja derivada vai ser a mesma independentemente do ponto que for analisado, como vimos no caso da função 𝑓(𝑥) =2𝑥 +1, onde a derivada é sempre 2, mas para muitas funções a taxa de variação mudará a depender do ponto analisado, e para calcularmos a derivada em um ponto específico é muito simples, primeiramente, calculamos a derivada, e depois substituímos o valor da variável independente onde ela estiver na expressão.

Exemplo:

Calcule a inclinação da função 𝑓(𝑥) =4𝑥2 para 𝑥 =5

Como inclinação da função e derivadas são dois nomes diferentes para uma mesma coisa, o que a questão está pedindo é que derivemos a função, e para isso tombaremos o expoente e subtrairemos uma unidade do antigo expoente, e o 4 que está multiplicando não será mexido

𝑓(𝑥)=4𝑥2

𝑓(𝑥)=4.2𝑥1

𝑓(𝑥)=8𝑥

Agora, substituímos o valor de 𝑥 na expressão resultante e encontraremos a derivada para 𝑥 =5

𝑓(𝑥)=8𝑥

𝑓(5)=8.5

𝑓(5)=40

Regras de derivação

Além da tabela, precisamos saber das três regras de derivação, que são essenciais para derivar corretamente alguns tipos de funções, ao dominá-las você conseguirá derivar qualquer função.

Regra do produto:

Quando tivermos uma função composta onde duas funções distintas estão se multiplicando, como derivaríamos elas? Mostrarei o jeito errado e que muita gente acha ser o correto quando se depara com essa situação.

Exemplo:

Derive a função: 𝑔(𝑥) =𝑥2.𝑠𝑒𝑛(𝑥)

 

Intuitivamente, podemos ser induzidos a pensar que para derivar essa função, basta derivarmos o 𝑥2 e o 𝑠𝑒𝑛(𝑥):

𝑔(𝑥)=𝑥2.𝑠𝑒𝑛(𝑥)

𝑔(𝑥)=(𝑥2).(𝑠𝑒𝑛(𝑥))

𝑔(𝑥)=2𝑥.𝑐𝑜𝑠(𝑥)

Só que essa derivada está errada, e eu poderia comprovar isso ao integrar a expressão 2𝑥.𝑐𝑜𝑠(𝑥), pois a integral é o inverso da derivada, ou seja, ao integrar uma função que foi derivada, eu desfaço a derivação e volto a ter a função original, e isso não iria acontecer nesse caso, mas para não deixar confusas as coisas, acredite que está errada a derivação (porque de fato está), a forma correta de se derivar funções que estão se multiplicando é derivando a primeira função, multiplicando isso pela segunda função e somando com a primeira função vezes a derivada da segunda.

𝑔(𝑥)=𝑥2.𝑠𝑒𝑛(𝑥)

𝑔(𝑥)=(𝑥2).𝑠𝑒𝑛(𝑥)+𝑥2.(𝑠𝑒𝑛(𝑥))

𝑔(𝑥)=2𝑥.𝑠𝑒𝑛(𝑥)+𝑥2.𝑐𝑜𝑠(𝑥)

Agora derivamos corretamente, o que deves se atentar é quem você irá considerar como “primeira função” e quem será a segunda, pois isso deverá ser respeitado na hora de realizar a derivação. De forma geral, a derivada do produto de duas funções é:

𝑓(𝑥)=𝑢(𝑥).𝑣(𝑥)

𝑓(𝑥)=𝑢(𝑥).𝑣(𝑥)+𝑢(𝑥).𝑣(𝑥)

Regra do quociente:

Muito parecida com a regra do produto, a regra do quociente serve para casos em que temos uma divisão onde pelo menos o denominador terá uma função que possui a variável independente. Derivamos da seguinte forma:

𝑓(𝑥)=𝑢(𝑥)𝑣(𝑥)

𝑓(𝑥)=𝑢(𝑥).𝑣(𝑥)𝑢(𝑥).𝑣(𝑥)𝑣2(𝑥)

Ou seja, derivamos a primeira função e multiplicamos isso pela segunda função, menos a primeira função vezes a derivada da segunda, por fim, dividimos tudo isso pela segunda função ao quadrado. Geralmente escolhemos a função do numerador para ser a “primeira”, e que está no denominador será a “segunda”.

Exemplo:

Derive a função (𝑦) =𝑦3𝑒𝑦

 

Temos uma divisão de duas funções que possuem a variável independente, que nesse caso é 𝑦, mas isso não irá mudar em nada o processo de derivação. Nossa primeira função será 𝑦3 e a segunda 𝑒𝑦

(𝑦)=𝑦3𝑒𝑦

(𝑦)=(𝑦3).𝑒𝑦𝑦3.(𝑒𝑦)(𝑒𝑦)2

(𝑦)=3𝑦2.𝑒𝑦𝑦3.𝑒𝑦𝑒2𝑦

A função está derivada, mas há alguns professores que exigem que o aluno simplifique a expressão, então farei a simplificação para sanar a dúvida de quem tiver, colocarei o 𝑒𝑦 em evidência

(𝑦)=3𝑦2.𝑒𝑦𝑦3.𝑒𝑦𝑒2𝑦

(𝑦)=𝑒𝑦(3𝑦2𝑦3)𝑒𝑦.𝑒𝑦

(𝑦)=3𝑦2𝑦3𝑒𝑦

Regra da cadeia:

Deixei de fora uma informação crucial de propósito, só podemos derivar utilizando a tabela, caso a função seja exatamente igual à alguma da tabela, caso haja algo diferente do que temos na tabela, precisaremos usar a regra da cadeia para derivar, e para explicá-la, utilizarei um exemplo. Quase esqueci de falar, para entender essa regra, utilizarei a seguinte notação para a derivada:

𝑑𝑦𝑑𝑥

Que significa a derivada da função 𝑦 em relação à variável independente 𝑥, e você entenderá o porquê em breve.

Exemplo:

Derive a função 𝑦 =𝑠𝑒𝑛(3𝑥 +2)

 

Se procurarmos na tabela, encontraremos a função 𝑦 =𝑠𝑒𝑛(𝑥), mas não é a que questão nos pede para derivar, o que faremos? Iremos substituir a expressão que diverge da tabela, pois se tivéssemos uma variável sozinha ali no argumento do seno, poderíamos derivar pela tabela, mas temos mais que isso. Vamos chamar todo o 3𝑥 +2 de 𝑢

𝑦=𝑠𝑒𝑛(3𝑥+2)

𝑦=𝑠𝑒𝑛(𝑢)

Agora derivamos a função 𝑦 =𝑠𝑒𝑛(𝑢) em relação à 𝑢 e derivamos 𝑢 =3𝑥 +2 em relação à 𝑥

1)

𝑦=𝑠𝑒𝑛(𝑢)

𝑑𝑦𝑑𝑢=(𝑠𝑒𝑛(𝑢))

𝑑𝑦𝑑𝑢=𝑐𝑜𝑠(𝑢)

2)

𝑢=𝑥+2

𝑑𝑢𝑑𝑥=(3𝑥)+2

𝑑𝑢𝑑𝑥=3+0

𝑑𝑢𝑑𝑥=3

Paremos um pouco para pensar, tínhamos no começo a função 𝑦 =𝑠𝑒𝑛(3𝑥 +2) e queríamos derivá-la em relação à variável 𝑥, portanto, queríamos encontrar 𝑦 ou 𝑑𝑦𝑑𝑥 (ambas as representações possuem o mesmo significado), mas de forma direta não conseguiríamos calcular, pois a função não está na tabela, então fizemos todo esse processo para chegarmos nisso indiretamente, pois concorda que se multiplicássemos 𝑑𝑦𝑑𝑢 por 𝑑𝑢𝑑𝑥, poderíamos simplificar o 𝑑𝑢, sobrando apenas 𝑑𝑦𝑑𝑥? É exatamente isso que faremos, multiplicaremos as duas derivadas e obteremos ao fazermos isso, a derivada da função $y=sen(3x+2)

𝑑𝑦𝑑𝑢𝑑𝑢𝑑𝑥=𝑑𝑦𝑑𝑥=𝑐𝑜𝑠(𝑢).3

Substituindo 𝑢 por 3𝑥 +2, teremos:

𝑑𝑦𝑑𝑥=3𝑐𝑜𝑠(3𝑥+2)

No começo é confuso, mas conforme fores resolvendo exercícios, verás que é mais simples do que parece. Para facilitar sua vida, irei dar uma dica, quando tiveres uma função que não pertence à tabela, derive ela como se estivesse e multiplique pela derivada da expressão que diverge da tabela.

Exemplo:

Derive a função 𝑓(𝑥) =𝑙𝑛|𝑥2|

 

Se tivéssemos apenas 𝑥 no logaritmando do log, bastaríamos derivar normalmente, mas como temos 𝑥2, precisamos utilizar a regra da cadeia, e utilizando a dica que dei, podemos derivar o ln normalmente e multiplicarmos pela derivada de 𝑥2

𝑓(𝑥)=𝑙𝑛|𝑥2|

𝑓(𝑥)=1𝑥22𝑥

𝑓(𝑥)=2𝑥𝑥2

𝑓(𝑥)=2𝑥

Aplicações de derivadas

Utilizamos as derivadas em vários assuntos para calcular determinados valores, e irei citar três aplicações muito interessantes.

Resolução de limites por derivadas (L’Hôpital):

Caso tenhamos um limite indeterminado do tipo 00 ou infinito sobre infinito, podemos derivar numerador e denominador do limite, até eliminar a indeterminação, e assim resolver o limite. O nome dessa regra é L’Hôpital.

Máximos e mínimos:

Conseguimos descobrir qual é o valor máximo ou mínimo de uma função, e o ponto de inflexão, que é quando a concavidade se altera de cima para baixo ou vice-versa.

Otimização:

Podemos resolver problemas que envolvem situações em que precisamos alcançar um valor máximo de algo com o mínimo de recurso possível, como quantas latas de tinta precisamos para preencher determinada área gastando o menor valor. Esses tipos de exercícios são chamados “problemas de otimização”.

Notações de derivadas

Existem diferentes tipos de representações ou notações, para as derivadas, cada uma foi criada por um matemático diferente, sendo melhor utilizar uma ou outra a depender das situações, no entanto, todas possuem o mesmo significado.

Notação de Lagrange:

𝑓(𝑥)=𝑦

Notação de Newton:

˙𝑓(𝑥)=˙𝑦(𝑥)

Notação de Leibniz:

𝑑𝑓𝑑𝑥=𝑑𝑦𝑑𝑥

Notação de Arbogast:

𝐷𝑥𝑓=𝐷𝑥𝑦

As mais utilizadas são a de Lagrange e de Leibniz.

Derivada implícita

Por fim, mas não menos importante, vale a menção da derivação implícita, que é um método específico utilizado para derivar funções que estão na forma implícita (quando o 𝑦 não está isolado na expressão da função). 

Exemplo:

Derive a função:

𝑦2𝑒𝑥=8

 

A função acima está na forma implícita, pois o 𝑦 não está isolado, então podemos usar a derivação implícita. Derivamos todos os termos da expressão, só que ao derivarmos o 𝑦2, acrescentamos um 𝑦 multiplicando.

𝑦2𝑒𝑥=8

2𝑦𝑦𝑒𝑥=0

E então isolamos o 𝑦

2𝑦𝑦=𝑒𝑥

𝑦=𝑒𝑥2𝑦

Para saber mais sobre esse método, recomendo que leia o artigo que temos aqui no blog.

Exercícios resolvidos de derivadas

1. Derive a função 𝑓(𝑥) =4𝑒𝑥 +𝑐𝑜𝑠(𝑥)

 

Como a derivada de uma soma é igual à soma das derivadas, derivaremos cada termo individualmente

𝑓(𝑥)=4𝑒𝑥+𝑐𝑜𝑠(𝑥)

𝑓(𝑥)=(4𝑒𝑥)(𝑠𝑒𝑛(𝑥))

𝑓(𝑥)=4𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥)

2. Calcule a taxa de variação da função 𝑔(𝑢) =𝑢3.𝑙𝑛|𝑢|

 

Apesar de termos a letra 𝑢 como variável independente, tudo que aprendemos até o momento sobre derivadas se aplica da mesma forma. Há um produto (multiplicação) entre as duas funções, portanto, utilizaremos a regra do produto para derivar

𝑔(𝑢)=𝑢3.𝑙𝑛|𝑢|

𝑔(𝑢)=(𝑢3).𝑙𝑛|𝑢|+𝑢3.(𝑙𝑛|𝑢|)

𝑔(𝑢)=3𝑢2.𝑙𝑛|𝑢|+𝑢31𝑢

𝑔(𝑢)=3𝑢2.𝑙𝑛|𝑢|+𝑢3𝑢

𝑔(𝑢)=3𝑢2.𝑙𝑛|𝑢|+𝑢2

𝑔(𝑢)=𝑢2(3𝑙𝑛|𝑢|+1)

3. Qual é a inclinação da função abaixo?

𝑦=1𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥)

 

Temos uma divisão com uma função que possui a variável independente no denominador, então devemos utilizar a regra do quociente, só que pode surgir uma dúvida, qual serão nossas primeira e segunda funções? A primeira será a função constante 1 e a segunda será toda a função composta 𝑒𝑥 𝑠𝑒𝑛(𝑥)

𝑦=1𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥)

𝑑𝑦𝑑𝑥=1.(𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥))1.(𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥))(𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥))2

𝑑𝑦𝑑𝑥=0.(𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥))1(𝑒𝑥𝑐𝑜𝑠(𝑥))(𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥))2

𝑑𝑦𝑑𝑥=0𝑒𝑥+𝑐𝑜𝑠(𝑥))(𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥))2

𝑑𝑦𝑑𝑥=𝑒𝑥+𝑐𝑜𝑠(𝑥))(𝑒𝑥𝑠𝑒𝑛(𝑥))2

4. Determine f’(0) da função 𝑓(𝑥) =𝑒𝑥2

 

Não temos a função acima na tabela, mas não estamos em um beco sem saída, podemos utilizar a regra da cadeia para derivar. Derivamos a função 𝑒𝑥2 como se ela fosse 𝑒𝑥 e multiplicamos pela derivada de 𝑥2:

𝑓(𝑥)=𝑒𝑥2

˙𝑓(𝑥)=𝑒𝑥2.2𝑥

˙𝑓(𝑥)=2𝑥𝑒𝑥2

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